Amigos
9 de dez. de 2010
A vida tem dessas coisas
O beijo e o asco
o mesmo beijo piedoso de Judas,
brindarás à eterna desventura!
Te trará jovem para uma forma,
- branco e jovem como nunca o fora -
pousará teu retrato nas cortinas
sendo sempre visto
com os olhos perenes que temos.
Quanto a ti, me alivia dizer,
viverás até que o mundo definhe!
Serás companhia para as pedras,
só por não poder ver,
e depois,
ainda viverá!"
Guilherme Fontoura.
7 de dez. de 2010
Os Dias
Era um mês difícil, talvez um ano inteiro. Faltavam dois semestres para terminar a faculdade, mais precisamente 520 dias. Estava vivendo uma fase de “inhaca”, como dizem por aqui, há mais de três meses e não sabia se queria se mandar de vez da universidade - ou até da cidade - ou se sentar e tomar um café com rosquinhas da mãe.
Acordava cedo para esperar o momento de preparação para enfrentar a biblioteca e a sala de aula, que ia das 10 às 13 horas, e esperava muito feliz, como se fosse o melhor momento do dia - e muitas vezes, realmente era - onde ele não fazia nada e demorava a cogitar pensar em algo, até porque depois disso seu dia estava arruinado: ele alternava horas de estudos mal feitos e momentos em que saía da sala torcendo para encontrar algum conhecido para chamar de amigo e fugir dos livros e professores carrancudos. Não era de muitos amigos, e os poucos que tinham não faziam muito o “tipo” dele. Moisés gostava de xadrez e não costumava sair para festas, apesar de apreciar uma boa dose de vinho ou de Martini. Na faculdade não costumava conversar com ninguém, exceto alguns funcionários da biblioteca e da lanchonete, mas de resto preferia ficar sozinho a ter que lutar em mais um diálogo que mais parecia uma batalha de egos e saberes. Tinha na cabeça que só encontraria amigos de verdade longe da faculdade, sem a obrigação da convivência acadêmica ou com a falsidade alheia para evitar certos problemas, era muita diplomacia e Moisés nunca se interessou por política.
Ontem, pego por uma agonia de madrugada, saiu para comer alguma coisa sozinho, num bar que ficava perto de casa. No bar não tinha nenhum conhecido e por isso ficou e pediu uma dose de cachaça para ver se chega o sono e deixa de escrever devaneios e cartas românticas para si mesmo, isso o deixou mais calmo. Voltou para casa pronto para agüentar mais um ano, se preciso fosse, naquele lugar (que nem eu, nem ele saberíamos dizer se seria a faculdade ou a própria casa), dormiu como se fosse uma criança exausta, sem pensar no que teria que fazer no dia seguinte.
Faz seis horas que Moisés fugiu de casa e sua voz ainda ecoa nas paredes do seu quarto, seu guarda roupa ainda guarda suas vestes e algumas outras coisas que ele sempre escondia com muito cuidado em algumas gavetas, debaixo das bermudas. Há alguns meses atrás - estou quase certo - ele começou a juntar dinheiro para alguma coisa, imaginei que pretendesse viajar ou comprar um novo vídeo-game, por isso não esperava a fuga. Não saberia dizer se Moisés era realmente infeliz ou se queria o mundo quando não possuía consciência nem de si mesmo, mas acredito que não seja nada disso, talvez seja apenas a idade, nessa época todos têm que fugir de alguma coisa.
Moisés fugiu de casa e levou apenas a roupa do corpo e um guarda-chuva.
3 de dez. de 2010
O Cão do Subjetivismo
eu canto alto para o mundo
e o mundo? nada...
quem você pensa que é?
1 de dez. de 2010
Criação
de pau e cera,
como lhe convém
O mundo, fixou numa esteira
- equilibrou e tirou a mão
Deu no que deu,
no que Deus nos deu:
pau e cera
Guilherme Fontoura.
Ficções
você aquém
como numa mesa de bar
trocávamos até os olhares
sorriam até para mim
despertei por tua pressa dormi
por tua causa.
Guilherme Fontoura.
17 de nov. de 2010
Tchau, amigo!
Há momentos na vida de nós meninos que nos convencemos de que estamos de fato deixando de ser meninos e nos tornando homens. Eu me lembro de alguns desses momentos em que me senti o mais maduro e corajoso de todos os vikings, e hoje pela manhã um deles me veio em mente. Foi a primeira vez que descasquei uma laranja: eu havia ganhado um canivete suiço de aniversário (coisa de moleque, quem entende?). Aquela apreensão de fazer uma tarefa tão simples na qual eu havia me aventurado poucas vezes e, nessas poucas vezes, sempre falhara... Mas sim! Decidi que descascaria aquela fruta que me desafiava, afinal o que seria de um homem que já possuía sua espada e não tinha coragem de abater o terrível dragão?
Claro, a vida não é tão emocionante assim, eu só não queria descascar porque eu sempre feria aquela parte branca, e quando ia comer a laranja ficava escorrendo caldo, mas o primeiro descascar de uma laranja é um fato que eu considerava de extrema importância. E foi.
Quando tirei a última porção de casca, e não havia uma ferida sequer na fruta, a sensação que tive foi de independência. O céu era meu limite. Se eu conseguia descascar uma laranja o que eu não poderia fazer?
Outro momento memorável foi quando aprendi a assoviar (ou assobiar, foda-se) daquele jeito que fica bem alto, quando se usa os dedos. Como alguém pode ter uma infância e não aprender a assoviar alto?
Acho que eu fui um menino meio bobo, brincando até quando tinha graça, até quando me foi permitido ver graça das tardes quentes e preguiçosas da minha cidade pacata do interior. Mas teve bom!
15 de nov. de 2010
De Quando em Quando
Sem a menor vergonha
Sem o menor pudor
Para sentir o passo
Sem sentir dor
Sem compasso
É sempre meu embaraço
Abrir teus lábios
No melhor momento
Vilões do meu segundo
De quando em quando
Se esvaem com o vento
Por causa de ti
Procuro o vento
Guilherme Fontoura.
10 de nov. de 2010
Para a sorte do acaso
Você quer a dor do mundo
Pede como um mico de zoológico
Ajoelhado como se fosse comum
Ao menos uma escadaria falasse
Te diria com pena, antevisto
"Desgraça mesmo sem classe,
ninguém vai te pegar para cristo!"
Guilherme Fontoura.
6 de nov. de 2010
Molhado
29 de out. de 2010
Moda
26 de out. de 2010
Barraco de sapê novo
destino, passado, humor
sempre que o mundo jazia
a cacos sujos, o amor
Guilherme Fontoura.
22 de out. de 2010
Serafins
e me embrulhou pra presente
- amarrou o papel com teu cabelo -
estranho brilho na tua lente
caiu em desgosto
ao ver meu rosto
Guilherme Fontoura.
21 de out. de 2010
Saudade
na falta de maior inspiração
a ciranda linda que não aboli
sem saber que girava em vão
volta na maré que me afogou
mas volta tarde e forte
pra quando querer saber quem sou
novamente lamentar a minha sorte
peço-te sem jeito, por amor
sem posse de nada mais sério
tua sombra é meu critério
teu passado é meu calor
Guilherme Fontoura.
8 de out. de 2010
Inspiração
só assim falaria de ti
inventaria um grande defeito
e mostrava o erro que cometi
Guilherme Fontoura.
5 de out. de 2010
Mãe, mulher, maldita e maria
se atracando na velha cama meio manca
barulho de fora para fazer manha, Maria
levanta Zé com as duas mãos molhadas
Os moleques se vão com medo à Maria, mãe
Na barra da saia vêem a ave mover mansa
quando se espanta para longe se mostrando maior
pousa no homem parado à porta: Mestre Manoel
Com a face pálida se vê maldita, Maria
Zé esbravejando, o encara com mão morteira
Entra na casa e toma a mulher moribunda
Leva pra fora com murros mal-dados
Zé corre atrás de Manoel, minúsculo
Entra os três pr'onde o mato é maior
O mestre parado reclama Maria maldita
Zé do Côco declara guerra: "Agora é minha mulher!"
Antes do ataque e está morta, Maria
Pela faca daquele velho mestre mortal
Aos prantos, Zé do Côco melindroso, o mata
Se prendendo diante do morro maçante
A ave voou e moveu montanhas.
Guilherme Fontoura.
2 de out. de 2010
Aquele das tulipas
O voo
Olá
Vítor de Castro
Vítor de Castro, grande amigo que vai começar a se aventurar nesse mundo também, já li alguns textos e confesso que gostei muito! Espero que gostem também!
30 de set. de 2010
Que Tudo é Assim
cegos envoltos por minhas cinzas,
com teus olhos cerrados assinas
o pedido, me lançando aos ares
meu foco procura tua retina
qualquer rastro de nostalgia
que isso já me foi alegria
agora é só saudade
Guilherme Fontoura.
29 de set. de 2010
Para viver bem
resta tesar o arco na flecha
acusar de conspiração
a porta do mundo que se fecha
Guilherme Fontoura.
15 de set. de 2010
Minuano
de onde os crentes vão saindo
param com certo cheiro de cinzeiro...
... apaga o cigarro e acende o cachimbo
Guilherme Fontoura.
2 de set. de 2010
À Deus
apoiando a face no travesseiro
coçando a barba sem um fio de cor
olhando o quarto sem sombra de gente
24 horas para respirar
já lhe trocaram o relógio sem corda
ele, sorri olhando para o porta
crítico, cético, começa a tear
receia sentir tamanho conforto
pensa carinhoso no vizinho chato
pensa na vida como um sapato
coisa ruim é se ver morto
a porta se abre num fino divisor
quando a luz gera estranho apetite
sua vista força para que acredite
um delírio, uma visão, um senhor.
Guilherme Fontoura.
30 de ago. de 2010
Quando a noite aparecer
com essa voz oca e espírito fraco
minha alma quer se mudar agora de mim
e espera para saber onde atraco
Chegar, te furtar para o meu barraco
com um laço forte de linho ou de cetim
amarrar teu lindo sorriso mulato
fazer de ti meu delicioso alecrim
colar com força e vontade
arranhar-te a garganta
com um forte colar de saudade
quando muito me espanta
tais rodeios para dizer,
ancioso até teu alvorecer.
Guilherme Fontoura.
24 de ago. de 2010
Em Minha Defesa ou Epifania
queria gritar o mais débil
fazer do som uma matriz
soltar minha velha alma estéril
Perpassar de encontro ao tempo
todo movimento do retrato
que esse modo de andar lento
retira, às pressas, meu fino extrato
Transparecer todo o meu corpo
para não mais parar de sonhar
manter esse rubro coração absorto
em devaneios líricos a galopar
Pretendo a ascenção de tocar o sagrado
pois de respeitável só há o excesso
fui pego sobrevoando em papel alado
me pego pensando, e cesso.
Guilherme Fontoura.
19 de ago. de 2010
O Velho Itinerante
porque não consigo ser tão fechado contigo
sei que isso tudo já era pra estar escrito
e um chá para celebrar o caminho que sigo
O caminho dessa grande estrela castanha
que guarda a inscrição da minha alma
e quando brilha, essa cor estranha
no meu peito sinto a velha dor do trauma
O vício que me faz sempre começar do zero
me faz pedir quase de joelhos para voltar
para sentir o que me faz sentir nada sério
leve, para querer entrar nesse jogo de azar
8 de ago. de 2010
Basta
Que vale muito mais um verso
Que arrependimento retrocesso
verso contrário, ao inverso
Guilherme Fontoura.
29 de jul. de 2010
Homenagem à Você
aquelas palavras
para lavar a alma
como um lamento
Hoje, já aceito
que certas frases
servem como crase:
sei o que é perfeito
Guilherme Fontoura.
22 de jul. de 2010
Dança de roda e canção
falas em dor no coração
mas não carrega teu próprio fado
Guilherme Fontoura.
12 de jul. de 2010
Do Sublime
mais superficial
mais infantil
carnal, egoísta
narcisista
e até áspero
Daí nasce o amor
Guilherme Fontoura
9 de jul. de 2010
Jantar a Dois
Do Marasmo
Seriam as estrelas
num universo às avessas
no qual eu poderia conhecer
Desejo tanto
a menor noite,
num reflexo só
olhando suas estrelas
Me afogando nesse jogo
e não poder voltar
me consumir aos poucos
até morrer de amor
Guilherme Fontoura.
8 de jul. de 2010
Pranto Manso
pois já não me quero mais
como meu senhor
preciso de seu cais
que eu morra de vez
(sei que faço cena)
mas foi dessa dor de cabeça
que nasceu Atena
Guilherme Fontoura.
6 de jul. de 2010
Mil Noites
apenas parece ser
menos um
numa chuva nebulosa
Que venham todos, pois
preciso de um balão
para atracar em seu cais incerto
flutua ou paira no ar?
Guilherme Fontoura.
4 de jul. de 2010
Corpo Mole
me tirava a fome
e me adormecia
como uma música
Agora me ponho em greve
por não te ter aqui
em greve de fome
greve de ti
Guilherme Fontoura.
3 de jul. de 2010
O Inverno
Música dói
Falar dói
Verdade dói
Mentira...dói
A mente dói
O corpo dói
Coração dói
Viver dói
Morrer dói?
Guilherme Fontoura.
30 de jun. de 2010
O Velho do Bar
assim é a vida de quem anda
não para pra descansar
não tarda em acabar...
Mas a vida nunca falha
e sempre dá chances,
dorme e acorda, rapaz,
ela não desiste de ti.
Não há falta de vida aqui
nem na peste, nem na morte
a vida sempre teve um fim
mas nunca foi golpe de sorte"
Guilherme Fontoura.
29 de jun. de 2010
Quando o ano que vem chegar
que quero mudar a canção
essa gente ta diferente
e já não desperta emoção
A gente não tem medo de nada
Só de caras e bocas belas
não queremos ver só fadas
queremos pular as janelas
Vamos é com a corrente
até não poder resistir
ninguém abre o olho pra gente
ninguém abre o olho pra mim
Guilherme Fontoura.
25 de jun. de 2010
Jardim do Tempo
com essa história certa
que me cai como uma luva
não venha não me pedir ajuda
Será que há de ser assim
Eu ou você esquecendo
coisa um no outro
como relógio solto
Pois é, e eu que achei
que estava entrando num jardim
e só sentia os perfumes
agora senti os espinhos
Guilherme Fontoura.
23 de jun. de 2010
Lilith
se seus olhos
não viram nos meus
essa espécie de espelho
Espero que nem seja isso
preferiria que encantasse
a marca do passado
que um visto, um feitiço
Por isso
fique ao meu lado
que no final de tudo
amor não será renegado
Guilherme Fontoura.
22 de jun. de 2010
Pó
talvez ele próprio me conheça bem
melhor que eu mesmo
porque sempre que tento
me levantar para andar
dois ou três passos fáceis
e cá estou de novo
onde não deveria ter saído
mas to aprendendo aos poucos
enquanto isso
vou me levantar de novo?
Guilherme Fontoura.
21 de jun. de 2010
Remorso
desse amor barato
esse copo sujo
de asco morno
meu desprezo sufoca
minha vontade de sair
pra fora da mente
e me perder por aí
eu só queria dividir
essa ressaca com
todo mundo que não sente
essa dose que me crava o dente
Guilherme Fontoura.
18 de jun. de 2010
Do Eterno
para trazer boas novas,
infelizmente voltou,
mas agora é tarde
e as velhas boas novas,
até elas,
voltaram a se encharcar
da mesma água suja do dilúvio
Guilherme Fontoura.
16 de jun. de 2010
Peito de Mendigo
sou para você
que me crava a seta
doce e forte de glacê
Guilherme Fontoura.
14 de jun. de 2010
Felicidade Passional
Espero que saiba
o que esperar de mim
para não acabar como eu,
sentado.
Guilherme Fontoura.
13 de jun. de 2010
Retórica
Dá-me forças para continuar
ou ao menos descobrir
afinal, com quem estou falando...
Guilherme Fontoura.
12 de jun. de 2010
Intrínseco
a Mente é um itinerário
com roteiro incerto
Do Corpo, gosto muito
por me causar várias dores
por me causar amores
Mas vicia minha Mente
que por bem, nunca mente
e a verdade machuca
A cabeça
não pensa sozinha,
assim como a pele
não é mais a mesma
que eu tinha
O que devo fazer?
Viver para o prazer
ou ter o prazer de viver?
Guilherme Fontoura.
10 de jun. de 2010
Cinema Mudo
realmente o dito sábio
mesmo que insista
quem sabe, isso seja errado
Talvez sejamos mesmo
como cinema mudo
e não se pode dizer
o que já esteja legendado
Guilherme Fontoura.
9 de jun. de 2010
Da Parte Murcha do Amor
como uma flor capturada,
por mais que se cuide
nunca tarda em murchar
Sempre que se colhe
linda e perfumada
não adianta que se regue
num vaso ou coisa qualquer
O tempo passa
as pétalas secam
e pesam no talo fraco
até que murcha em tom fosco
Se enganam nisso
que amor é flor,
amor é doído
assim como tudo que é bom
quando sente dor
amor é isso
Guilherme Fontoura.
8 de jun. de 2010
Da Vulgaridade
e em todo lado tem
quem queira alguém
sem nenhuma lucidez
Superficialmente são
e goza de embriaguez.
Bem aventurados são
os que falam javanês
Guilherme Fontoura.
20 de mai. de 2010
Velhos anseios
ainda sugam nossa vida
para manter o controle
e nos fazer crescer
E eu nem queria crescer
só queria sentar no chão
sem precisar abrir mão
ou pedir licença
Não faço revolução
nem quero lutar pelo que quero
pois o que quero
não é lutar, só querer.
Guilherme Fontoura.
19 de mai. de 2010
Discurso Heroico
Para ser o que quero
E faço com sinceridade
até ir-me ao chão
Valerá a pena admitir
que no fim de tudo
eu sei que vou ruir
só para ser
meu próprio herói
e não meu próprio pai
Guilherme Fontoura.
18 de mai. de 2010
16 de mai. de 2010
Os Gumes
poemas sem preço
frases do avesso
com muito apreço
me mandaria embora
com a frase sonora?
ou sentiria verdade
nessa vil dubiedade?
Guilherme Fontoura.
15 de mai. de 2010
Samba de independência
para matar minha sede.
Preciso me sedar,
como preciso me saciar
Quero jogar ao vento
Todo o meu sofrimento
Mas sempre que tento
me escapar e correr
Acabo me esbarrando em você
Que sempre me impede
me pede e me derrete
pra que eu não possa ir
Mas cansei de não fugir
de todos aqui
preciso construir
um lugar só de mim
13 de mai. de 2010
Nota de rodapé
a me expor não para todos
mas para quem quiser
ouvir sobre o que me restou
A cada dia que passa
um novo sentimento me abraça
e engrossa a carapaça
a cada vestígio que esfumaça
Guilherme Fontoura.