Amigos

30 de ago. de 2010

Quando a noite aparecer

E agora sou eu que me encontro aqui, assim
com essa voz oca e espírito fraco
minha alma quer se mudar agora de mim
e espera para saber onde atraco


Chegar, te furtar para o meu barraco
com um laço forte de linho ou de cetim
amarrar teu lindo sorriso mulato
fazer de ti meu delicioso alecrim


colar com força e vontade
arranhar-te a garganta
com um forte colar de saudade


quando muito me espanta
tais rodeios para dizer,
ancioso até teu alvorecer.




Guilherme Fontoura.

24 de ago. de 2010

Em Minha Defesa ou Epifania

De tudo que não fiz
queria gritar o mais débil
fazer do som uma matriz
soltar minha velha alma estéril


Perpassar de encontro ao tempo
todo movimento do retrato
que esse modo de andar lento
retira, às pressas, meu fino extrato


Transparecer todo o meu corpo
para não mais parar de sonhar
manter esse rubro coração absorto
em devaneios líricos a galopar


Pretendo a ascenção de tocar o sagrado
pois de respeitável só há o excesso
fui pego sobrevoando em papel alado
me pego pensando, e cesso.


Guilherme Fontoura.

19 de ago. de 2010

O Velho Itinerante

Um chá para amenizar essa dor de espírito
porque não consigo ser tão fechado contigo
sei que isso tudo já era pra estar escrito
e um chá para celebrar o caminho que sigo


O caminho dessa grande estrela castanha
que guarda a inscrição da minha alma
e quando brilha, essa cor estranha
no meu peito sinto a velha dor do trauma


O vício que me faz sempre começar do zero
me faz pedir quase de joelhos para voltar
para sentir o que me faz sentir nada sério
leve, para querer entrar nesse jogo de azar


Guilherme Fontoura.

8 de ago. de 2010

Basta

Se morrer que seja por excesso
Que vale muito mais um verso
Que arrependimento retrocesso
verso contrário, ao inverso


Guilherme Fontoura.